Demora na Fala de Crianças

Os pais olham para os filhos sempre com muito cuidado e com orgulho. Muitas vezes, acreditam que eles têm desenvolvimento mais rápido e podem ser mais espertos que outras crianças da mesma idade. Quando os pequenos apresentam dificuldades para falar ou desenvolvem alguma habilidade mais lentamente, os pais ficam ansiosos, receosos e muitas vezes, procuram a ajuda de um especialista para entender a causa e evitar o agravamento da situação.

Segundo a fonoaudióloga Rosângela Ferreira Machado, da Clínica São Lucas, a linguagem e o desenvolvimento da criança começam desde cedo. “Eu oriento os pais e mães que estão gestantes: conversem com seu filho desde a barriga, pois aí começa a comunicação. O filho, ao escutar a voz da mãe ou do pai, já se acalma. Às vezes o bebê está extremamente agitado na barriga e, ao escutar, fica mais calmo”, afirma.

Depois do nascimento, o bebê começa a interagir com os pais por meio de gestos e pelo olhar. “Desde quando a criança nasce já acontece a comunicação”. Segundo a fonoaudióloga, aos seis meses a criança demonstra sinais de que reconhece a mãe: ela olha, escuta, a entende e automaticamente dá um sorriso, demonstrando o gesto de comunicação.

As primeiras palavras

Quando se aproxima o primeiro ano de idade, a criança começa a soltar as primeiras palavras ou a balbuciar. A partir de um ano e meio, geralmente a criança desenvolve um pouco mais, dizendo “oi”, “tchau”, “quero mamar”, “não quero”. “Até os dois anos é um tempo crucial no desenvolvimento da criança, porque é o momento em que os pais têm que estar mais atentos, pois é o período em que a criança pode demostrar que algo está errado. Já pode ter ali algum sinal de que a criança não está escutando bem ou pode estar desenvolvendo algum problema”, afirma Rosângela.

Não existe uma idade certa para que os pais procurem um médico para avaliar melhor a fala da criança. Mas, segundo a especialista, se aos dois anos a criança não falar nada ou falar muito pouco, é o momento de se preocupar. “Não é necessário intervir 100%, mas sim dar uma orientação aos pais, que às vezes não interagem com seus filhos, não brincam, não conversam, não leem e não dão estimulo. É normal, porque a criança tem até os seis anos para desenvolver a linguagem, mas questiono, se com dois anos você percebe que a criança não fala nada, por que esperar até o terceiro ano?” comenta a médica.